quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os amores Mortos-Vivos

A natureza humana está sempre assassinando algo. Portando, assassinos nos tornamos ao desarraigar de nós as crenças que sempre nos foram vitais.
E assim ocorrendo nos transformamos em mortos-vivos, esses que se levantam para outra vez deitarem. A morte ronda por todos os lados e ela é voraz  e por vezes trama e faz com que assassinemos a nós mesmos, levando para um nosso caixão ainda em vida a pujância  do fogo, ar, terra e água. Talvez muitos de nós não percebam que estes elementos são motrizes das sensações vivas, são forças geradoras que sinalizam para a existência única e na qual poderíamos estar ou tentar ser feliz. Enfim, somos nós os motivos das próprias revoluções, guerreiros digladiados entre o bem e mal, o ódio e paixão, verdade e mentira,  razão e emoção

E me rendo enquanto soldado a este ser racional que me devora por não mais te sentir na posse destas forças. Sim, não te sinto arrebata no jeito que te me entregas ou  que me fitas, afinal o que em ti transborda é a melancolia no olhar. Não desisti e procurei rotas que nos convergessem, mas sempre me sentii num teatro de portas cerradas onde a única saída foi a de aniquilar as sandices dos teus personagens e as tramas com quais me enredaram. Claro, é doloroso esse processo de extrair  mentiras nas verdades e separar o sal das turvas  águas do teu oceano. Não há em ti a dimensão do quanto me dilacera agora ver-te com os olhos cerrados, pois me lembro deles ainda plenos de vida e eles sorriam dum jeito que eu tanto gostava.
Não, não te mexas, permaneças assim como estás e permita-me acariciar-te a maciez dos cabelos e recordar as palavras de ordem, as quais consentias apenas verdades, como por exemplo, o eterno do teu amor por mim além das confessas  paixões pelas flores e noites de lua cheia.
Ah! Eu adorava te ouvir, e como um menino sapeca devolvia-me em sorrisos  que se ungiam de encantos e esperanças. E quanto mais falavas mais eu continuava sorrindo, talvez até no mesmo tom esverdeado dos teus campos e pradarias.

Mas era ilusão, portanto transitório. E é desiludido que me flagro no lugar onde estou. Deprimente e perturbandor é este o odor doce, este cheiro de morte que escorre como o suor da pele nestas flores que agora te afagam. Desespera-me a imininência destas pétalas aveludadas e as rosas que te ladeiam em tons avermelhados. Entendas, elas igualmente lamentam ao contornarem a tua delicada silhueta e o petreo do teu sentimento. Enfim... Não há choros e nem do que te queixares, afinal, hoje e tão somente hoje elas te serão infinitas companhias, únicas testemunhas do sentimento que, antes carne e unha se viu arrancado de ti; O amor
Portanto  este é o momento de celebrar o novo, de festejar a vida, não a tua, mas sim a minha, pois ainda me sopram as forças e os elementos. Não, não vou negar e te confesso que,  por vezes me faltou vigor e me senti a caminho da morte. Entretanto eu era um guerreiro e lutei, me  ressuscitei,  e agora me sinto desperto, lúcido, logo, aquelas mortes não foram as minhas.

Portanto dona, mesmo que me doa e dilacere  te peço perdão por este último exalo do perfume dos teus cabelos e o beijo derradeiro: É-me impossível te relegar ao frio desta madrugada sem ao menos sepultar-te.

Ah minha doce senhora... Se soubesses a dor ao enterrar um morto-vivo...

Copirraiti13Nov2012
Véio China ©


**Sei lá...ontem amanheci com Nelson Rodrigues
na cabeça...saiu isso. hehehe

2 comentários:

Zulmar Lopes disse...

Psicografou, Véio?

Véïö Chïñä‡ disse...

Nada, cumapde! Acho que foi mesmo uma tentativa de plágio! hehehe