quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Tecnologias & Carnavais e o cu do Diabo



Sim, estou bêbado e quero falar sem me importar sobre o que. Posso dissertar mulheres, futebol,  religião ou mesmo relembrar coisas minhas antigas bandas progressivas. Presumo porém que seria um papo dos mais chatos, logo, vou poupá-los.
Bem... e que tal se falássemos de carnaval? E por que não? Afinal neste momento os foliões de Rei Momo enchem o saco à porta de casa, assim como o fizeram no ano passado, retrasado, ado, ado. Isso! Falemos então do carnaval desse ano, 2013, onde tivemos Vila Isabel e Mocidade Alegre como campeãs no Rio e em São Paulo!
Lembro do carnaval do ano retrasado e eu  estava mal ou pior que estou agora. Não há como esconder que  minha vida se parece com uma dessas bolhas de sabão levitando no ar, graciosas, mas que nos  desafiam. Logo, há um prazer em  ser menino e apontar o dedo, dar uma cutucada, e "ploc", acabar com a festa.
E é assim que me sinto, algo in, meio acabado como terminaram com o carnaval, este inclusive que achavam estar curtindo lá fora, numa cantoria desenfreada. E eles não me são surpresa, fazem parte do "Bloco da Cachaça" e são mais ou menos uns 400 ou 500 integrantes. E  eles não são só vozes, são outras coisas que fazem a música se assemelhar ao trem bala em movimento,  repiques de baterias,  batidas de surdos e  tamborins, acompanhados por sonoros trombones, cornetas, pistões e tubas. "Olha olha olha a água mineral, água mineral.." - É o que eles cantam. E o que me incomoda não é o fato da zorra provocada pela histeria popular e nem  de estar bêbado como estou. Não, não é isso, pois para mim tais  fatos me são clichês, aliás, assim como sou  o clichê em pessoa. O que na verdade me deixa puto da vida é a mesmice de  todos os anos, pois à tempos deixou de existir o verdadeiro carnaval, restando apenas coisas que pretendem ser interessantes,  presas  a uma  tecnologia  imprevisível e inovadora.

 Para mim a festa deixou de ser a festa do povo e para o  povo, pois o carnaval de Momo se tornou um hipermercado globalizado que expõe em suas vitrines  ilustres figuras da sociedade, artistas de  TV, jogadores de futebol, top models, políticos, além de astros e pessoas proeminentes do Jet Set internacional. E aquilo que unicamente era para ser alegria e música se tornou um show de transformações ao expor aos meios de comunicação todas as novidades da medicina estética. Verdade, outro dos nossos clichês,  já que  renomados cirurgiões cobram os olhos da cara para despejarem nos salões e nas avenidas televisivas mulheres esculpidas à dedos e bisturis,  ludibrioso  festival de peitos, bundas, culotes e abdomens, tudo milimetricamente reformado como  se fosse um veículo saído da  mecânica, funilaria e pintura.
E não vejo exageros ao reafirmar, pois é só apreciarmos as beldades na Sapucaí  para  percebermos os  tantos ml dos seios siliconados. E a isso se aglutinam outras benesses estéticas como as  lipoesculturas,  preenchimentos dos glúteos e em  tantas partes. Convém frisar que para essas reformas se utilizam fartamente de materiais importados, e por  quê?  Porque as mulheres, além de suas vaidades, dinheiro e glamour levam em conta aquilo que acreditam ser os cuidados para a saúde, e muitas descartam a matéria prima nacional como se fosse de péssima qualidade, afinal estamos um pouquinho aquém do terceiro mundo, óbvio. E sobre tais questões até que são fáceis de compreendê-las, já que tudo se resume em tentar manter o padrão,  o status quo, a aparências subjugando o espírito, alvo de escolhas, assim como pedir a qualquer socialite à escolha entre Erasmo Carlos ou Bono Vox para tietar numa foto. Evidente, para ela não haveria qualquer dúvida, e todos sabemos a resposta.

Pois é! E assim de tecnologia em tecnologia o meu tempo está se esvaindo assim como rareiam as tradições que se dobram ao avanço do tempo. E o progresso está por todos os cantos, todos os lados onde há e se respira um pouco de vida. E a evolução deixa marcas por onde quer que passe, são maiôs e seus tecidos criados em laboratório quebrando os recordes das piscinas mundias. É um simples frango à passarinho preparado por eletrodomésticos de última geração em menos de cinco minutos, e sem necessitar uma única gota de óleo. Qual é o segredo neste caso?  Sim, eu conto; são 200 graus hermeticamente fechados, gerando vapores circulantes, quadruplicando a pressão e cozendo. Depois é só abrir as cervejas  e eis aí o galináceo pronto para ser degustado. Sim, juro, não é mentira, eu vi  a propaganda na televisão. E essa e outras maravilhas apontam para um fator preocupante, pois num futuro bem próximo poderemos dando um bye  bye  para as substâncias gordurosas, principalmente ao óleo de soja, e o que também não seria de todo mal, afinal, até  transgênicos andam empurrando por nossa goela abaixo.

Sim, sei que deverão estar deduzindo "Porra, ouvir papo mala e de de bêbado é foda". Verdade, eu disse que estava bêbado, ébrio,  invocado com essa merda toda de tecnologia. E já que estou pra lá de Bagdá, e já que estamos falando em progresso, há a questão da segurança, essa mesma que falta ao cidadão comum e que se estampa em manchetes diárias. Me questiono; Será possível nos tornamos insensíveis ante as barbáries e crimes hediondos? Pois é, acredito que não, mas, até nisso a tecnologia expandiu seus tentáculos. Hoje quase não há a necessidade do velho e bom policial com faro de justiça, aquele como Peter Falk  do "Columbo", um popular  seriado de TV  da década de 70. Não, hoje não há Columbos, pois combatem o crime com fartas doses de ciência onde a necessidade de pistas ou testemunhas passou a ser circunstancial, afinal, ínfimos fragmentos de DNA colhidos no local do crime poderão apontar  os culpados.
E esta realidade me faz revoar o romantismo do passado e imaginar coisas absurdas como um Sherlock Holmes sentado numa poltrona de tecido imundo num conjunto de 20 m2  na Barão de Itapeteninga. Sou capaz de vê-lo com olheiras profundas, alguma desnutrição e os olhos pregados ao telefone no aguardo de um único cliente.  Óbvio, Holmes  seria obsoleto à moderna ciência investigativa.
Evidente, e o com o carnaval  não é diferente, e ele cede espaço ao progresso e a finalidade se perde e tudo se torna tão sem  graça. Sim, concordo, algumas coisas não mudam e jamais mudarão, como a sede dos foliões que, agora e com bebidas ás mãos cantam neste sábado de carnaval  coisas desconexas como  - Olha olha olha a água mineral.. - Sim, sei que tenho a minha parcela de culpa; quem  mandou morar no festivo e boêmio bairro do Bixiga?

Aliás, além das ébrias cantorias que desfilam diante das vistas do meu portão, o que não falta em época de samba na avenida é hipocrisia. E ela.é farta e começa com governo distribuindo camisinhas à custo zero, como se a contaminação do HIV fosse exclusividade dos foliões. E se assim considerássemos, deveríamos dar um par de camisinhas a cada um dos participantes dos bailes funks por esse  Brasil fora, princialmente na cidade e nos morros do Rio de Janeiro. Acredito que talvez não saibam, mas ás vezes gostaria de estar na pele dum desses jovens de hoje, estar cantando la fora, ser o número um do  Ita, fazer parte e compreender toda essa tecnologia, a qual  por vezes gera desemprego. E não seria só isso, talvez aí então eu conseguisse entender  parte de suas realidades e utopias - Sim, sei que vão dizer que sou amargo e que sinto inveja, ao que respondo; Sou amargo, confuso e sinto inveja, e daí?
Portando, pensando em todos esses fatores é que levanto da mesa  e espreguiço corpo e vou ao refrigerador e consumo dois copos de água gelada. Fecho a garrafa de Coca-Cola de 2 litros onde acondiciono a água e volto para a minha cadeira de estimação e sorvo parte duma dose da  Sputnik.
Num  olhar vago repouso o copo à mesa e dedilho três dos meus cinco dedos da mão direita no casco até fazê-lo gemer um som oco e de vidro. Óbvio, é o indicador que a bebida já era. Depois persisto o olhar no nada, absoluto, quando flashes da esplendorosa Leila Diniz pipocaram em minha memória. Não me contenho; Leila sempre foi a minha ideia de perfeição.

-Ah, que merda - Exclamei -! Leila sim era o sinônimo de festa e alegria. Leila era vida. Leila era o próprio carnaval! - Lamento ao olhar o pinguim, um  pequeno bibelô que reside há   anos no alto da minha geladeira. Ele apenas me olha e  pude ver o sorriso cretino estampado em seu rosto de louça. E apesar de não tirar os olhos de mim ele nada fala, apenas me olha e olha.

- Ah, quer saber? Foda-se o carnaval! Foda-se a toda essa tecnologia! - Digo para ele ao sacolejar meus ombros. Definitivamente acho que jamais vou me libertar dessas besteiras que me acompanham   e nem do seu olhar que nada diz.

Carnaval..carnaval...Mas também pouco ou nada eu perco, de fato. Para  falar a verdade tenho pena desse pessoal aloprado  curtindo carnavais pelo  Brasil afora e ao som de trios elétricos. São guitarras, baterias e contrabaixos plugados a potentes amplificadores, substituindo a genuinidade dos sons das cuícas, pandeiros e reco-recos. Já não é surpresa o show de pirotecnia no alto desses carros, principalmente na Bahia, onde  fogos de artifícios espocam colorindo os céus num espetáculo visual que sufoca a simplicidade e o romantismo dos velhos tempos. Sim, há toda a saudade duma época onde quem sambava eram passistas e não efeitos especias. Sou da velha guarda, daqueles que, juntamente das escolas de samba da década de 60 jamais sonharia com  engenharia eletrônica incorporada ao desfiles, George Lucas na Sapucaí. Quem em sã consciência e à partir daquela década poderia supor homens carregando às costas coisas parecidos com extintores de incêndio que, os fariam sobrevoar a avenida?. Não, jamais, era totalmente louco imaginar tais incorporações naqueles tempos. Logo, não sabíamos de nada, assim com essa juventude nada sabe sobre o passado, nem mesmo faz ideia que a melhor marchinha do carnaval de todos os tempos foi aquela que sempre fez o Brasil cantar...."A Estrela Dalva, no céu desponta e a lua ... -  Sim, sei que sou nostálgico, melancólico, e..estou bêbado, porém jamais serei falho em lucidez e memórias, pois a mais louca sandice  deixei para lhes contar agora ao fim.

Sim, e a loucura ocorreu no domingo de carnaval  do ano retrasado, exatamente de 2011.   Tanto quanto nesse momento o Bloco da Cachaça cantava lá fora, e eu estava alcoolizado e  num estado mais miserável se comparado ao desse e do último ano. Como seria de se esperar questionava nesta mesma cadeira coisas parecidas com as quais questiono agora ( por isso disse que sou clichê)
E as dúvidas prosseguiam até o ponto que uma voz de tonalidade grave me subtraiu das importantes reflexões, sugando meus pensamentos como se fosse um aspirador de pó.


-Calma..calma, Carlos Quaresma - Dizia ela. Olho para um lado, para outro e, nada.  Talvez estivesse sentindo na própria carne os distúrbios da bebida - Pensei naquele instante  - Descompassado tamborilei os dedos no tampo da mesa, quando novamente....

-Calma, muita calma nessa hora! -  A voz insistiu num tom mais ameno. Desconfiado  fui à janela e abri as cortinas e olhei pelos vidros e não havia ninguém lá fora. Receoso me dirigi  à porta e pé ante pé inspecionei o olho mágico e não vi qualquer criatura postada atrás dele.

-Quem é que ta falando? - Perguntei  ao vento. Claro, estava assustado, afinal nesses tempos nos sentimos inseguros  dentro das próprias casas. Procurei não fazer qualquer ruído e apurei os ouvidos e a voz soou ainda mais  nítida ao parecer próxima:

-Calma, devagar que o santo é de barro! - Ela disse e me fez lembrar frases de vovó - Fique tranquilo homem, não tenha medo. sou eu, o teu subconsciente... - Concluiu. Desconfiado, pensei que ja tinha passado da hora parar de beber. Ainda olhava ressabiado para os lados quando o tom volta à carga:

-Quaresma, estou te vendo tão macambuzio e apático, que resolvi vir aqui e te dar uma força. Cara, o carnaval e o mundo não são tão pavorosos como está pintando.. - Concluiu num tom professoral. A voz soava pretensiosa e talvez pretendesse me catequizar um pouco mais, porém, assustado o interrompi numa única pergunta que cabia ante o estapafúrdio da situação:

-Comasim?  Não estou te entendendo! Você é meu subconsciente? - Mal acabei de perguntar e veio a resposta

-Mas que merda! Tu é surdo veinho? E que coisa mais babaca esse negócio de ..comasim...comasim!

-Comasim? - Persisti. Eu estava perplexo demais. Dessa vez ela pareceu mais austera, realmente estava brava ao responder

- Acorde pra vida homem! Estamos na era da coletivismo insano, a Babilônia dos tempos modernos. Para ser mais coerente com seu raciocínio retrógrado resumirei tudo numa linguagem que está afeito - Estamos em tempos do sem pés e nem cabeça - Finalizou.  Bem, além da veemência, a  voz me tratou como se eu fosse um ser pré histórico, descoberta arqueológica, assim,  um Tiranossauro Rex. Certamente aquilo me irritou e eu não engoliria o seu despautério e nem permitiria os seus desaforos, não ali na cozinha da minha casa

-Sim, seu monte de excremento!  E qual o grande problema da vida estar sem pés e cabeça? -  Indaguei ao não entender bulhufas do estrambótico raciocínio. Talvez o meu subconsciente estivesse sofrendo de distúrbios equizotípicos ou coisa assim.

-Bem..e daí...e daí!  E daí veinho, é que você tem que sair por aí, se enturmar. Esqueça o Word e essas coisas pavorosas que você escreve, não vai ganhar dinheiro com isso e nem faturar o Jabuti. Saia homem! Saia e vá viver, curta uns baseados, alcoolize-se com uma daquelas belas garrafetas do Absinthium 1792 tcheco, legítimo.  Você sabia que os Rolling Stonnes voltando à moda? Então... tem mais é que curtir a vida, velhote, é isso! Saia, tome uma boa ducha e  encharque sua camisa  negra de Paco Rabanne comprado há dez anos e vá dar uma bandas por aí, olhar os rabos de algumas rampeiras da Rua Augusta. Se não dar certo, procure uma boa cinquentona nos bailes da saudade da vida. Ó...ali na Alameda Barros tem um da hora!

Estupefato eu ouvi as suas grotescas sugestões e propostas. Uma cinquentona de baile da saudade? Era só o que ma faltava!   Ele só podia estar louco, apesar que o mais  provável era o fato de ser ver perdido do conceito  "politicamente correto". Enfim, meu subconsciente estava pior que imaginei. Ao fim, foi tanta asneira que,  inevitável foi  resistir à minha indignação. Explodi:

-Vá à merda seu subconsciente pervertido! -  E após a agressão  o estapeei fisicamente, aliás, estapeei a  minha própria fronte

-Ai..ui..ai. Para!  -  Queixou-se, dolorido. Depois se saiu com uns "Tsc..tsc..tsc" - numa clara intenção de zombar de mim

E aquilo me deixou mais irado que estava, pois, não há nada pior que um subconsciente gozador, desses que se escarnecem às custas do próprio senhorio -  Tive que admitir  com certa frustração. Todavia ele era o rei da persistência.

-Quaresma, aqui vai a minha derradeira sugestão, talvez seja tua última chance de ser feliz.  Topas? -

Olhei para ele. Ele me parecia sincero dessa vez. E outra...eu estava muito carente.

- Claro, tô dentro! Pra ser feliz faço qualquer merda - Devolvi com alguma esperança tirada não sei de onde, talvez do poço seco de mim.

Assim que as palavras abandonaram a minha boca me arrependi, afinal, aquilo era loucura, insanidade, talvez o  efeito da bebida ordinária. Mas pensei no ditado; Deus escreve certo por linhas tortas. Sim, eu estava longe da religião e isso não vem ao caso, mas.. por que não dar ao meus subconsciente a chance da remissão? E outra, o estado democrático sempre defendeu que deve ser livre toda forma de expressão, portanto a palavra é o mais contundente jeito de se exprimir. E por fim, talvez o subconsciente estivesse me chacoalhando,  ensinando-me a ser mais otimista e condescendente. Claro, tudo me parecia tão nítido agora, e outra, talvez o pessimismo de sempre  me fizesse negar que o subconsciente é como uma moeda e tem dois lados, cara e coroa, ganhador e perdedor, talvez quisesse me presentear com o lado da vitorioso,  cara ou coroa, tanto faria, desde que eu não perdesse. E outra; e ele me parecia tão cúmplice e acolhedor....

Ainda pensava em suas propostas quando sua voz soou autoritária,  marcial, fazendo-me recordar dos tempos autoritários, AI5, General Costa e Silva. E eu estava ansioso, queria me livrar da vida miserável em que me metera.

-Hã rã -  Ele pigarreou. Depois continuou: Carlinhos, é o seguinte! Aqui está o remédio para todos os seus males; CRIE UM PERFIL NO FICCI BUK...O MUNDO ESTÁ LÁ!  - Ele proferiu a queima roupa.

-Hã, como assim..como assim...criar um perfil no Ficci Buk? - Repliquei estarrecido. Aquele sujeito provavelmente era um irresponsável ao indicar o Ficci Buk para um  sociopata como eu. Evidente, não poderia deixá-lo sair dessa impune. Eu estava colérico:

-Comasim...seu grande filho duma puta! - Contestei -   Em vez de tu me indicar uma boa e saudável cagada, me avia um receituário que acelera evacuações freqüentes e abundantes?  O que você quer é me ver morto com diarreia mental  -  Vociferei. Partes dos meus gritos provavelmente foram ouvidos pelos foliões que berravam lá fora a cretina "Doutor eu não me engano, meu coração é corintiano". A princípio a voz se mostrou surpresa, porém, insensível   Alguns instantes dum silêncio constrangedor e o meu subconsciente se abriu no mais amplo dos seus sorrisos. Ele não se calava nunca!

-Carlos Quaresma,  você é um recluso da contemporaneidade .. Saiba homem....o FICCI BUK  É  O CU  DO  DIABO! - Bradou. Depois completou;-  Provavelmente o teu computador é um 386, usa o Windows  95 e ainda com  drive de disket 1.44 Mb  - Caçoou. Após a imbecilidade de sua chacota seus risos à princípio intermitente, tornaram-se  sucessivos.

Suas gargalhadas ainda reverberavam em minha mente quando numa corrida trôpega fui  à direção do banheiro para vomitar. Ao retornar a náusea cedera e não havia mais a voz, entretanto sei que suas gargalhadas jamais me abandonariam, logo não é falso afirmar que o histérico dos seus risos me remetiam às gargalhadas de Satã nesses filmes classe B.

Sim meus amigos, foi uma loucura o que ocorreu. Por conseguinte deixa-me voltar à geladeira e me servir de mais dois copos de água naquela mesma garrafa de Coca-Cola e retornar à minha cadeira de estimação e recordar outros detalhes. Sei que naquele domingo e ao fim da tarde esteve  sobre a mesa a garrafa da vodca  Sputnik, nacional, meia boca , consumida em menos de cinco horas após tê-la comprado no mercadinho da esquina  um mercado de propriedade de japoneses que, tanto quanto eu querem que o carnaval se  foda.
Recordo também que com as pernas bambas chutava a vassoura à porta da sala, e num impeto de raiva quase atirei o pobre do pinguim quintal afora. Porém ao pegá-lo à mão contornei a sua silhueta de louça e voltei com ele para o alto da geladeira. Olhei novamente e lá estava ele e o seu sorriso impassível, nem de feliz, nem triste, apenas impassível e misterioso. Retornei para a mesa, sentei á minha cadeira de estimação e emborquei o último gole da garrafa de vodca. Em seguida, trêmulo,  fui para o quarto de dormir, afinal, precisava ferrar no sono sem dar chances para  que outras mirabolantes demências me fizessem pirar de vez.

Certamente vocês devem estar me achando um sujeito louco, batendo bielas, um carburador entupido. Claro, e é compreensível, e eu também me acharia. Porém, talvez eu não seja louco, apesar de sempre me sentir como um.
Entretanto mesmo com toda essa parafernália tecnológica sabemos que vivemos na era das  meias palavras, meias verdades, meio tudo. Enfim...mas mesmo assim sei que seriam poucos os que teriam a coragem de admitir a própria insanidade.
Que venha o carnaval do ano que vem.

Copirraiti06Fav2013
Véio China©

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