quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Insights do China - A infância de Erico Zambini num colégio de padres -


Estava com oito anos e a separação de papai e mamãe resultou num grande pequeno problema: o garoto Erico Zambini.
Sim, inegável,  o pequeno Erico era terrível, destruidor nato, desses que deixam marcas dos pés no teto e que quebram todos enfeites e duas camas num único dia ao se imaginar o Gilmar dos Santos Neves, goleiro da seleção numa partida decisiva. E para ele não havia coisa mais fácil que quebrar camas, e para isso atirava a borracha escolar contra a parede do quarto e no  retorno atirava-se à cama na tentativa de agarrá-la, evitando assim o gol dos adversários. Evidente,com isso o remetemos a 1962 e um dia de euforia – Brasil x Espanha -  Naquele início de tarde e com a radio-vitrola ligada no último volume e com a narração de Pedro Luis, muitas vezes o pequeno Zambini evitou os gols da "Fúria" às custas das camas que quebrou,  sua e de sua mãe. Evidente, pés  e estrados arreados procurou se esconder da outra fúria, a da sua mãe. Sim, correu para o quintal ao ouvir o ranger do portão de entrada, anúncio que a genitora retornava de mais um dia de árduo trabalho. Ufa, alívio, ela inspecionou a casa, viu as camas destroçadas e ele não apanhou, e nada aconteceu! Simplesmente gritou o seu nome, mas pela tonalidade  da voz já sabia que não apanharia Com ela sempre fora assim; ou batia na hora ou não batia, e se não batia exercia o jogo das pressões psicológicas, além é claro do habitual e ameaçador chinelo na mão; Ah garoto se te pego....Ah se te pego, garoto.. - Ela sempre ameaçava.

Óbvio, mesmo diante da destruição e do seu aborrecimento com o filho se viu nela um certo alívio, enfim, não só dela mas da nação brasileira, pois tanto ela como o povo deve ter feito as mesmas defesas que o malandro na vitória suada e de virada por 2 x 1 contra os espanhóis   E talvez ela também se recorde que voltando para casa presenciou a branda comemoração e os discretos gritos dos torcedores que,  com seus pequenos rádios de pilha vibraram com o  triunfo canarinho (Era uma época de manifestações discretas, literalmente diferentes aos dias de hoje) Contudo e alguns jogos depois e aí com algum estardalhaço o Brasil se tornaria o bicampeão mundial nas terras de Pablo Neruda. E foi um título festejado e às custas principalmente de Amarildo e Garrincha, este último aclamado como o deus da copa (Pelé esteve ausente ao se machucar  no segundo jogo da fase inicial).

Depois  disso a vida caminhou num mesmo patamar até que no início do ano de 1963 veio a surpresa: Liceu Nossa Senhora Auxiliadora - Mais conhecido por Liceu Salesiano de Campinas –  Um colégio com sistema interno e dirigido por padres.
E para lá ele foi enviado para cursar o 3o ano primário e o o seu tempo  naquele internato durou até o início de 1965 quando definitivamente  se despediu dos padres, os quais aprendeu a gostar e respeitar.
Porém o pequeno Erico não estava acostumado à excelência e nem às  austeridades dum sistema rígido e  assemelhado ao dos quartéis onde talvez  a exceção fosse a negra batina assumindo o lugar das insígnias e do uniforme verde oliva..
Entretanto ali ele aprendeu muitas coisas e um pouco de tudo, assim como o latim (o rezado nas missas)
E a sonoridade desta língua tão curiosa e principalmente  acentuada aos finais "um e  ium" - lhe trazia  problema tanto quanto aos seus infantis joelhos que se condoídos  às 7 horas de todas as manhãs ao enfrentarem uma missa jamais inferior aos 80 minutos.
Consequentemente suas rótulas se tornavam doloridas e queimavam, pois mais de 3/4 da missa eram consumidos com os alunos ajoelhados, inclusive à hora do sermão. Um pouco mais tarde a Igreja Católica percebeu que o ato mais sugeria imolação, e assim determinou para todos um maior tempo sentado, o que fatalmente alegrou as nádegas de milhões de fiéis.

Ali também ele se tornou coroinha num processo seletivo; os melhores alunos se tornavam os escolhidos, e o quê para os padres se traduzia merecimento, para os alunos, evidente, um alívio, pois era a certeza  de ouvirem o sermão sentados, mesmo que num desconfortável banco de madeira de três lugares.

Foi lá também que pela primeira vez sentiu vontade de roubar. Sim, leram corretamente; Roubar. Não, não se tratava de surrupiar dinheiro, o tênis do armário do vizinho ou lesar algum amigo na contagem dos pontos numa partida de ping pong ou de pebolim. Não, definitivamente não eram essas as questões e o que corroía o pequeno Zambini era a obsessiva intenção de profanar o vinho do padre, talvez  induzido pelas tentações dum demônio que vez ou outra dava as caras apesar de todas as rezas.
E o vinho esteve em suas mãos assim como o jarro de vidro imitando o cristal, líquido que os padres guardavam como quem esconde diamantes  pois o óbvio; havia outros pequenos e ávidos olhares. E a verdade é que fascinado pela a peça o líquido encarnado esteve em suas mãos e a intenção de emborcar um longo gole se manifestou, porém,  repentinamente se sentiu vigiado como se olhos pudessem estar vendo além de sua alma. Assustado olhou para todos os lados e  não havia a presença humana, portanto aqueles olhos só poderiam ser de Deus, a quem nada escapava. Hoje e bem mais velho e experiente o Erico Zambini confessa sem medo de retaliações religiosas  que, se aquele vinho fosse na Universal do Reino de Deus teria bebido e se embriagado,  e não teria medo do inferno, do diabo e muito menos de estar lesando a propriedade privada de Deus.

Porém o mesmo do abatimento moral à  frustrada intenção de profanar o vinho jamais ocorreu com as sagradas  hóstias. E talvez assim tenha sido pela descoberta que elas eram fabricadas por uma grande panificadora local. Sim, estava ali no rótulo das embalagens. A princípio foi choque para os seus olhos cristãos, não havia nada de sagrado ali, e o o apropriar-se de algumas unidades provavelmente não constituiria  sacrilégio, afinal não se tratava de  manah ofertado pelos céus, mas sim apenas mercadorias como outras quaisquer, tais quais as latas de sardinhas ou os pacotes de salsichas que eram fervidas e servidas com pãezinhos no café da manhã. E relembra das tantas vezes que foi incumbido de buscar as hóstias e à bordo de uma sacola de lona com algumas frases em latim e uma enorme cruz. Nessas ocasiões ia tratar do resgate das hóstias com o cozinheiro chefe ( sim, somente o chefe tinha autorização de entregá-las) Por vezes Erico não o achava tão facilmente e o procurava pela imensidão duma cozinha industrial e o encontrava por entre  fogões enormes e panelas tão altas que certamente teriam mais da metade da sua estatura. E ele acomodava as hóstias na sacola santa e era tão excitante vê-las adormecidas em sacos plásticos transparentes, onde  talvez coubessem 300 ou 400 unidades. E a excitação dava lugar à compulsão e ao sair da cozinha o furto se manifestava diante a fragilidade do lacre das embalagens. E de olhos vivos como se fosse um agente secreto  procurava por cantos ermos e retirava de uma das embalagens 10 ou 15 unidades   e ainda mais porque sabia que o Padre Conselheiro jamais daria pela falta. Contravenção confirmada ele as escondia num lenço e as colocava dentro do armário, afinal era muito bom comê-las com uma margarina Claybom, que não por coincidência também se encontrava dentro (Sim, aqui duas confissões; a margarina sempre foi objeto dos seus lépidos dedos, assim como jamais serviram a verdadeira manteiga à mesa do café). Entretanto todo delito deixa vestígio e cobra um preço, e foi assim que se viu obrigado a dividir com o vizinho de dormitório o lucro das suas pequenas  trapaças, já que Valtinho o pegara com a boca na botija, melhor dizendo, com a boca nas hóstias. Ele jamais vai se esquecer que a chantagem ocorreu numa tarde de violenta  tempestade e de obrigatório confinamento nos dormitórios.

É bom que se diga; Nesse colégio Erico Zambini aprendeu coisas fantásticas além do latim, a educação e o gosto por estudar com afinco. Sim, ali ele aprendeu a jamais ser um dedo-duro e entregar um amigo, fosse  o preço que fosse. E tanto que recorda das ocasiões em que ficou de castigo e com os braços voltados para trás tocando as colunas do pátio por não ter dedurado a arte de um colega. Claro, os padres jamais acreditariam em evasivas do tipo  "não sei, não vi, não estava  aqui" respostas  que invariavelmente indicavam  lealdade com os amigos. Hoje ele se recorda do fato e sorri. Sim, havia ali  um   código de honra mantido entre os bons garotos da divisão dos MENORES ( entre 7 e 10 anos) e os que assim não procediam não tinham o respeito e a consideração  dos demais. E novamente ele sorri, pois era bem provável que  Deus não visse os alcaguetas com olhos da benevolência.
Ali o garoto também tomou ciência de  outras coisas importantes , mas que uma fulminante  paixão aos 17 (nove anos mais tarde) o fez abortar; O seu sonho em ser um  famoso jogador de futebol.  Sim! No Liceu ele aprendeu  a ser um ótimo centroavante, o dono absoluto da camisa nove (dum tempo onde o 7 era  ponta direita e o 11 esquerda)

E a maior parte dos créditos por ser um bom rompedor de área se deve ao Padre Catequista, já que, sábio  ensinava a ele: “Garoto, jamais abandone a marca do pênalti. Jamais!” O pequeno Zambini, aliás, o "Toureiro" (apelido dado pelos garotos pelo fato de tourear os beques adversários com dribles) aprendeu a lição ministrada pelo religioso técnico, e apesar dos seus excessivos off sides (impedimentos) foi artilheiro de sua divisão por dois anos consecutivos. “Olé, olé, dá-lhe Toureiro!” Incentivam os "menores" e eles vibravam com seus gols diante dos times visitantes. Sim,  relembra que o Externato São José  e times de outros colégios vez ou outra apareciam para a disputa de algum jogo ou torneio.
Bem...aconteceram muitas coisas nesse Liceu, mas que provavelmente poderão ser contadas mais tarde. O importante é que aos 11 anos o garoto saiu do Salesiano (numa difícil fase monetária dos pais) e ganhou o mundo e um quarto só pra si no apartamento alugado por sua mãe. Sim! Agora havia a intimidade para ser ele, aliás, haveria a privacidade e não somente ele mas também para seus dois ou três discos duns jovens cabeludos que,  ganhando o mundo estouravam no Brasil; os Beatles. Já ouviram falar deles?  Porém o seu universo não era restrito aos quatro cabeludos de Liverpool, mas também às pernas de Vanderleia e às tardes de domingo na Jovem Guarda. Ali no seu quarto e atrás da porta havia um dos presentes que ganhara  do tio e pelo qual nutria adoração; Um enorme pôster do seu Santos Futebol Clube com Pelé em feição de realeza ( Sim! Ele podia...ele era o Rei)
E foi nesse ano de 1965 que o garoto da sacristia cursou  o “Admissão” no Colégio São Paulo - O que era "Admissão? -  Admissão era um período intermediário e obrigatório entre o fim do curso primário e a primeira série do ginásio.

E o jovenzinho estando em São Paulo fincou  base e cursou o ginasial nesse mesmo colégio privado e num
 bairro chamado Belém.  Além dos mais era uma outra escola católica e a paróquia levava o mesmo nome. Inclusive à época havia por lá um grêmio recreativo para os alunos que se sobressaíssem no futebol (O Brasil de então era unicamente o país do futebol. Havia o basquete, mas poucos se importavam com ele) Bem, o fato é que o menino acabou por se tornar um dos bambambãs da sua classe, e não por ser metido ou gostoso, não, mas simplesmente  por ser bom no futebol e ótimo aproveitamento no aproveitamento escolar, já que a bagagem trazida do Liceu era tão infinitamente superior que, até à 2ª série do ginásio se deparou com matérias que anteriormente passara os olhos.


Mas não era pelo estudo que ansiava, não, não era, queria ir mais além, queria aquilo que pouco lhe legaram; a liberdade. Agora nada queria com as missas,  cabelos de corte americano,  bermudas escolares ou os ensinamentos religiosos. E sua mudança era tão incontestável que mais nada pedia em seus orações  para o  antigo ídolo São João Batista. E com o afastamento da religião, inerente foi  distanciar-se da fé e agora era outro e se excitava com as mundanices dos garotos de rua e não sentiu qualquer culpa  ao folhear num certo dia  uma pequena revista tratada por "catecismo". O catecismo referenciado aqui não abordava assuntos religiosos ou os ditames da fé,  mas  sim de desenhos em quadrinhos que narravam histórias chulas e pornográficas.
Sim!  Estava ali a evidência da força de Satã, e ele trinfou ao usar  um colega de classe  para levar a imoralidade para a sua vida e para de outros incautos colegas de classe.

Uau! Aquilo sim que era liberdade! Aliás, mais que liberdade, libertinagem! E ele queria voar, ser também o dono de uma fração do mundo, e deixou o cabelo crescer e a franja cair sobre os olhos assim como faziam os garotos europeus. Ele era outro agora, descolado, mesmo que ainda continuasse a curtir pernas femininas no Jovem Guarda, principalmente as coxas loiras e os verdes olhos de Valdirene (aquela do... Sou a garota papo firme que o Roberto falou)  Porém o perfil do Jovem Guarda começava lhe parecer algo produzido para garotinhas histéricas e ele se irritava com os gritinhos de "Aii Roberto ou, Erasmo, você é um pão!" e   então se esqueceu do programa e à medida que seus cabelos cresciam queria e cada vez mais que o tivessem por um "beatlemaníaco"  uma espécie de Paul McCartney tupiniquim. Personalidade assumida, agora não podia voltar atrás  e atormentou a sua  mãe até ganhar ganhar as botas negras semelhantes às de George Harrison. E era com elas que ele sentava às escadarias da paróquia numa tentativa de impressionar às meninas à saída do turno da manhã. E se munia de pose e chacoalhava a cabeça até a franja incomodar os seus olhos e insistia ao seu jeito na  canção"A hard   Days Night" um estrondoso sucesso dos novos reis do iêiêiê cantado nos quatro cantos do planeta. Algumas simplesmente não se davam conta da sua existência , outras, se mostravam tão curiosas que passavam rente a ele para escutarem os seus estralos de dedos marcando o compasso e a sua voz absurdamente desafinada  "Itis bim â rard dêis náite"  ele cantava num idioma que nem mesmo sabia o qual.
E elas apenas riam e ele sorria e a existência se mostrava cada vez mais interessante e cheia de coisas por conquistar. E agora ele, Zambini,  era o máximo ao negociar a sua bicicleta Monark em pandarecos por uma jaqueta de couro negro com um dos amigos de rua, uma quase igual a que Marlon Brando usou no filme " O Selvagem"
E Erico sentia que parte do mundo lhe cabia e andava pelas ruas, liberto, cão sem coleira, e não mais como um boi a caminho do matadouro, como nos passos que lhe eram ditados dentro dos muros do Salesiano.

E essa nova atmosfera o excitava e os garotos do colégio São Paulo o estimulavam e por  lá as coisas aconteciam e estavam acontecendo sempre, inexplicáveis e até explicáveis  como as belas pernas e  o estupendo bumbum curvilíneo de dona Eunice, sua professora de religião.  Quanta ironia, Zambini! Justamente uma criatura temente a  Deus teria que ter uma bunda daquela? E o par de nádegas colocou Erico à prova e foi por culpa dele (apesar dela jamais saber) que aprendeu a se masturbar. Lembra-se  de como foi e que aquilo se iniciou com o amigo Desidério, dois anos mais velho que ele. Parece que ainda consegue ouvi lo: “Faça assim com o teu pau; Pra frente, pra trás, pra frente, pra trás e  bastante rápido que vai te dar um treco gostoso e logo a coisa vem” - Ele explicara. Recorda também de ter perguntado ao Desidério: “A coisa que vem é aquela coisa branca?” - Lógico, mais que nunca ele tinha que dar a impressão que sabia mais ou menos das coisas, que era um cara entendido, afinal, ele conhecia até catecismo. O amigo o olhou aturdido e respondeu: na lata “Que coisinha branca, xará? Aquilo é porra! Ta me entendendo, cara? Aquilo tem o nome de porra, seo bosta!”

Bem, com a explicações na cabeça e o tesão nas pontas dos dedos lá se foi o Zambini para uma nova experiência, já que antes da descoberta  acreditava que  a curtição fosse apenas a ficar folheando as tais revistinhas para ficar de pênsis ereto, assim como  ficava  nas noites que revivia os justos vestidos e a região glútea da professora de religião. Porém foram necessárias algumas sessões para aperfeiçoar-se nos macetes da masturbação, pois nas primeiras vezes o Junior (assim denominou o seu pênis) ficara ereto e dolorido e nada mais.  Recorda-se em que nada acontecendo voltou ao amigo Desidério e esse persistiu incentivando - “Tem que insistir,  cara! Pressão na mão e pra frente, pra trás, sem parar” –  Por fim e por sua feição de quem não estava compreendendo como o amigo não assimilara algo tão simples perguntou se estava fazendo de forma que ensinara,  ao que Zambini  respondeu - “Claro, Dério! Pra frente e pra trás, tipo iô iô, vai e vem” –  O amigo Desidério olhou e riu  -  “É isso aí cara, tipo iô iô! Pressão nos dedos e jeito na munheca e tu vai ver que o lance é mais fácil que saber cantar  "A hard   Days Night" acredite!  - Ele ouviu atentamente o amigo e naquele dia daria tudo o que tinha para se chamar Desidério, afinal, o amigo além de ser um bom de punheta, ainda sabia cantar "Itis bim â rard dêis náite"  corretamente.

O certo é que as nádegas da professora Eunice continuavam mexendo com o forasteiro, e o "Pra frente, pra trás" ainda não vingara até que pela 7ª ou 8ª vez  aconteceu e subiu pelo seu corpo um calor tão intenso e  inexplicável que ele pensou que aquilo era melhor que ouvir os discos dos Beatles e dos Stones. Depois da sensação de quentura algo espirrou tão prazeroso que  acabou por se viciar naquilo. Aliás, vícios estavam se tornando a sua especialidade, e não raras vezes pedia dinheiro  á sua mãe, mas não eram  os sonhos ou tortinhas de morango (sua alegação) que comprava na padaria, ao contrário, atravessava a rua para adquirir no Bar do Joaquim unidades isoladas de cigarros da marca Consul, mentolado. Recorda que certa vez quase que dona Eunice o flagrou fumando um daqueles, ocasião que se rapidamente se escondeu ao se abaixar atrás de um Jeep  numa rua próxima da escola.   Ah se dona Eunice soubesse dos cigarros e das  suas "tocadas"... estaria perdido. Porém hoje, decorrido um pouco menos de meio século Erico Zambini  presta loas e se recorda perfeitamente de cada detalhe da feição de dona Eunice, além do seu glorioso traseiro, óbvio. E ele sorri,  afinal Eunice foi a mulher das primeiras sensações, e como sempre dizem; A primeira mulher jamais se esquece.

Enfim, retornando àquele tempo, e no decorrer daquele ano o jovem Zambini acabou por se tornar um bróder, enturmado e cheio das nove horas. E como era bom de bola foi arregimentado para a Cruzada do Colégio São Paulo, o grêmio esportivo que funcionava no subsolo da própria Paróquia. Ele relembra que na sede havia jogos como o de pebolim, ping pong,  botões, dominó, mini bilhar e até o Banco Imobiliário, e tudo para manter unidos os melhores jogadores das duas classes de Admissão existentes no colégio.  Claro, eles jogaram muitas partidas, pois oficialmente  havia um único time que representava o colégio no Salão da Criança (Pavilhão do Ibirapuera)E esse time era justamente o dele, já que o torneio era disputado por garotos na fixa etária  dos 11 aos 12 anos. Antes de iniciar o torneio o time treinou muito e participou de algumas disputas e foi bem em alguns, apesar de não ganhar qualquer delas. E ele se perguntava: “Será que Deus não está do nosso lado?” – Nunca obteve a resposta, pois provavelmente Deus estava muito ocupado para tão pequenas desimportâncias. E a falta da resposta fez criar nele a sensação que estava sendo punido pelos seus pecados, principalmente àqueles que homenageavam a querida mestra. E tanto acreditou que poderia ser desagravo de Deus que jamais se permitiu comentar o fato com os garotos do time, ´principalmente à época do Salão da Criança, afinal, nos dois anos que participou do torneio o Cruzada São Paulo fora desclassificados próximos às quartas de finais, portanto e  se houvesse confessado achariam o culpado, aquele que não permitiu o avanço.

À época ele pensou muito em toda aquela situação e pretendia voltar a ter fé em Deus, pois  sentia que aos poucos ela fugia de sua alma. E as outras das suas questões eram o futebol, os Beatles, Stones e às saias cada vez mais curtas no período matinal.  Logo e por conseguinte  se existisse algum Deus sabia que ele lhe dava a liberdade de atos e o de ser o seu próprio advogado, e jamais seria injusto e não o fora à época do torneio, pois a maior das realidades era que o melhor vencia o Salão da Criança. Justo ou não o fato é que vez por outra a culpa retornava e ele se sentia o peso dos seus crimes e tinha pesadelos e neles os dedos esquerdo e direito pareciam cruéis e apontavam acusadores, como lhe dissessem; Seu devasso, deixe a rabo da dona Eunice em paz - E ele acordava sobressaltado do maldito pesadelo que permitia que dedos falassem. E eles se repetiram duas, três e uma infinidade de vezes e novamente Erico voltava a se preocupar com a opinião de Deus, talvez o Todo Poderoso se aborrecesse com o profano dos seu atos, ainda mais com uma de suas servas. Não! Definitivamente não! Era preciso deixar as nádegas de dona Eunice em paz, então  centrou-se em outras professoras, bonitas até, mas não surtia o mesmo efeito, e ele virava para o outro lado da cama e acaba adormecendo. Enfim, pois por mais que quisesse transferir a sua devassidão, sabia,  dona Eunice seria insubstituível.

E assim foi  por todo tempo que permaneceu  no Colégio São Paulo onde cursou até o quarto ano ginasial e sem jamais se livrar do estupendo traseiro da  professora de religião. E quem sabe se ela não o esperasse  para se casarem num futuro não tão distante? Sim, afinal dona Eunice era solteira.
Que Deus o perdoasse!




Copirraiti20Dez2012
Véio China©

4 comentários:

Raquel Ordones disse...

seus escritos é viagem!!! adorei isso!!!!

Véïö Chïñä‡ disse...

heheehe. Valeus Kell! Sabia que gostaria das pequenas estrepolias do Edu! hehehe.

Grato!
Beijão!

Márcia Poesia de Sá disse...

Agora, diferente um pouco do que eu costumo ler teu, senti uma coisa diferente! Provavelmente por me lembrar do colégio de freiras que frequentei a vida quase toda, e também o som dos Beatles e por ai vai, mas enfim...trata-se um texto bastante significante quanto a alma do escritor, com fortes pitadas críticas sejam abertamente ou veladas já que a professora era de Religião, além do comentário sobre o vinho, puxa eu falaria um dia todo deste texto, mas enfim...Aplausos meu amado Du Pavani! que escritor sensacional...és. Beijão para tu.

Véïö Chïñä‡ disse...

Obrigado Marcita! Fiquei feliz por ter tido um olhar diferenciado para este, pois ele me é sim. Na verdade esse conto faz parte de outro conto (http://veiochina.blogspot.com.br/2010/06/insolita-infancia-de-erico-zambini.html) e duma infância que pretendia contar até a juventude dos 17 anos, mas..cadê paciência? hehehe. Em todo o caso o meu agradecimento de sempre! (quem poderá dizer que um dia não o termine?)