sábado, 10 de março de 2007

Fakes, verdades, mentiras, Orkut e o tribunal de exceção.


Silêncio! Silêncio!
- Queira o réu levantar e ouvir a sentença.
- A União o condena a 1 ano de reclusão ou pagar a fiança de 15 mil reais! - o proferiu, dentro daquele ar severo e na sua pertinaz aparência de dono absoluto da verdade.
- Eu sou inocente! Eu sou inocente! Eu vociferava para uma platéia constituída de uns 6 ou 7 gatos pingados, todos desinteressados, evidente.


Plaft,plaft,plaft...E ele batia insistentemente o martelo na bancada e, eu me perguntava se haveria algum local específico pra abrigar as batidas, afinal, a União não poderia ficar arcando com os danos que elas causavam na mobília antiga e de bom gosto. Dessa forma, ao me levantar e aproximar para ouvir a sentença eu pude ver em cima da mesa, uma peça sobressalente de madeira que amortecia as marteladas e, por mais estranho que possa parecer, aquilo me confortou.
E sentença proferida, eu olhava para o advogado que me fora indicado pelo Estado já que eu não tivera a menor possibilidade de arcar com os honorários de um. Ele era um daqueles garotos legais, de fala meiga e de boa aparência, talvez uns uns 24 ou 25 anos e o jeito de quem esperava se dar bem na vida, mas, que naquele momento, sentia-se intimidado pela austeridade do juiz que em boa parte do julgamento (julgamento? uma piada,isso sim!)o intimidara ao indeferi-lo sistematicamente nas suas alegações. Evidente, e eu sabia que já fora sentenciado antes mesmo do julgamento iniciar,quando ao sentar-se no banco dos réus fui olhado de forma preconceituosa e odiosa pelo senhor juiz. E provavelmente aquele foi um caso recíproco de antipatia mútua pois também não fora com a cara dele. Mas acredito que a prepotência aliada ao seu preconceito deve ter abalado o pouco que sobrara da autoconfiança do meu advogado, e de tal forma que o fez sentir-se tão ou mais culpado do que eu, e aí, nada ou quase nada ele pode fazer por nós. E eu o olhava, e ele não conseguia me retribuir o olhar e, se encontrava tão assustado como se fosse um gatinho arrancado das tetas da mãe,e então, passados alguns segundos, ele levantou o olhar e me fixou desajeitadamente e, eu pude sentir toda a sua decepção por não ter conseguido me livrar da acusação.
Como nada mais havia a ser feito só me restou rir de toda aquela comédia absurda. E assim, eu acabara de me conscientizar que estava condenado a 1 ano de reclusão, já que não havia os 15 mil reais para que isso não passasse de um mero prejuízo financeiro.
- Ok, Erico,está tudo bem! Apareça em lá casa para tomarmos umas cervejas quando tudo isso terminar - eu disse a ele antes que me saíssem porta afora.
- Ok, vou sim, senhor China, aparecerei por lá! - respondeu ele ajeitando os papéis e os enfiando dentro da maleta executiva.
Claro, ele nunca apareceu e aquela vez fora à última que eu o vira.


Mas qual foi à acusação? estarão me perguntando.
Ah! A acusação foi simplesmente de ser um perfil FAKE e transitar livremente pelo ORKUT, barbarizando outros perfis normais e detonando pessoas de boa índole e de boa fé. E talvez eles não gostassem desse meu transito exacerbado, livre e sem compromissos pelas páginas das pessoas, falando o que bem quisesse, insinuando aqui e ali casos amorosos ou mesmo, hipotéticas trepadas virtuais.
Talvez não suportassem a idéia de que me escondesse sob o anonimato de um perfil irreal e sob o manto dele, em alguma Comunidade por aí, insinuasse qualquer tesão por um outro perfil, ou que dissesse que gostaria de transar com alguma madame X, fosse ela um perfil falso ou não.
E por falar em perfil FAKE, nada como considerar algumas situações dentro de algumas Comunidades que prezo muito e as quais se tornaram minhas favoritas. Nessas comunidades as pessoas são inteligentes e interessantes e o nível do papo que rola são legais, e onde se respira também a literatura nas suas mais variadas formas de expressão e isso me faz sentir um aprendiz, sempre. Mas mesmo assim, mesmo que levemos esse nível em consideração, numa dessas comunidades aconteceu um fato curioso, onde os FAKES foram acusados de “hipocrisia” Evidente que essa postagem se tornou agressiva e, essa posição, inclusive, foi compartilhada por um outro garoto que é escritor. Acho que a maior virtude de um escritor é não transpirar preconceitos contra nada e todos, e então me surpreendi. Evidente que se utilizar um perfil FAKE em alguns casos possa se revestir de um certo mau gosto, pois nem todos o utilizam como nós, que conseguimos fazer do nosso perfil, uma identidade "quase" que real, tal é o nível de interação e o tempo de contato que mantemos entre nós.
Bom, no frigir dos ovos tudo terminou bem e afinal eram duas pessoas de um nível elevadíssimo e conseqüentemente a intolerância deu vazão e a razão aos poucos foi tomando o seu devido lugar. Evidente que me senti parcialmente atingido pois, tal qual, estou FAKE, apesar de não fazer qualquer diferença mostrar ou deixar de mostrar o rosto. E sabemos todos que o Veio China nada mais é do que um personagem perdido entre os milhares que compõe esse virtual espaço, e como tal eu o faço manter-se nessa condição, apesar de que, por vezes ele se apropria de algo de real de quem o usa e expressa a sua opinião.
Haverá mais algum sisudo juiz de plantão??
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Ninguém?

*Posteriormente, houve esclarecimentos por parte da pessoa citada como "escritor" e chegou-se a conclusão que o apoio que ele declinou era no sentido de que esse assunto tão polêmico no Orkut deveria ser discutido de forma mais ampla e democrática. Acusei, consenti e me desculpei com a pessoa.

Um comentário:

Escrivinhações do Feuser disse...

O véio é o menino que viu o rei nú do mundo virtual.