terça-feira, 6 de março de 2007

Uma trepada no elevador de um bairro judeu.

Estava com 33 na época e a recente separação ainda me perturbava e por mais que tentasse me enganar e convencer de que não mais amava a ex-mulher havia sempre o seu fantasma me perseguindo por onde quer que eu fosse.
E eu, sem alternativas, ficava vagueando por aí, procurando algo perdido, mas que imaginava encontrar novamente; O amor. Todavia as únicas coisas que essas andanças me reservaram foram pernas, bundas e seios da melhor e pior qualidade, coisas que não faziam sentido, mas que me serviam pra elevar a auto-estima e abandonar aquela sensação de ser um saco lixo largado na lixeira do condomínio.

E o sentimento da baixa-estima, estruturalmente é foda, nada mais é que a comiseração por si como um ator zombando da própria interpretação. Tornei-me uma espécie de canastrão ao sair com algumas dessas garotas e levá-las pra hoteizinhos baratos, porém depois do objetivo atingido me via na mesmice de sempre e questionava o que poderia fazendo naquele lugar e que tal qual pela garota não nutria nenhum sentimento.

E isso, ao mesmo tempo em que me confundia também excitava e eu gostava de ver aquelas garotas e seus corpos debaixo das duchas presenciando suas intimidades com o sabonete. Podia parecer louco, mas vê-las manipular o sabonete antes das relações era como conhecer a fundo os seus íntimos. Adorava as mãos deslizando pela tez, tocando cavidades enquanto a água escorrendo pelos cabelos ganhava-lhes o corpo. Contudo depois do orgasmo tudo parecia perder o sentido e, a excitação se ia num torpor de sensações, e eu ficava lá enrolando, bebericando uma cerveja ou tragando um cigarro.
E assim eu levava a vida e vez ou outra tirava algum fim de semana pra pegar as crianças e sair com elas pra dar umas roles por aí. Evidente, a grana sempre curta não me possibilitava fazer grandes programas e foram raras as vezes que pude dar o que queriam e mereciam. Minha existência exacerbava no estúpido marasmo quando eu a conheci.

O seu nome era Elisabeth. Olhando aquela garota atentamente podíamos notar algumas imperfeições; a pele porosa demais, seios pequenos apesar de redondos e bem feitos e gênio muito forte, aliás, forte demais. Era bonita e muito atraente naqueles olhos castanhos, boca carnuda e um sorriso devastador. E a sua imensa alegria de viver me contagiava e eu sisudo e quase sempre calado tentava me adaptar ao seu modo de ser. Evidente que nem sempre consegui e o meu estilo de poucas palavras e de certa frieza nas atitudes aflorava nela um sentimento de reprovação, e eu conseguia entendê-la e até achar compreensível as suas críticas.

Lembro também que na época eu começava num novo e ainda inexpressivo emprego e, mesmo sendo melhor que anterior não me permitia grandes coisas, portanto, ainda não dava para voltar a ter um automóvel ou ir num motel de classe. Mas já era alguma coisa e mantinha as contas em dia, a pensão alimentícia em ordem e os malditos dois maços de cigarros dentro de pulmões que um dia ainda me trarão problemas. E assim eu tocava e com o que sobrava me era permitido ir, talvez, duas ou três vezes por mês num motelzinho perto da casa dela. Geralmente íamos nos sábados. Era estranho pensar sobre isso, mas sempre me pegava no exercício de imaginar os motivos que fazem os casais preferirem os sábados à noite para ter relações.

Bem, o fato é que lá íamos nós e andávamos uns 10 minutos para darmos com aquilo que meu dinheiro podia pagar. A entrada da espelunca até que tinha certa atração, apesar de nem sempre nos deparamos com toalhas e lençóis passados. Lembro uma vez que reclamei pelo interfone, e o próprio gerente me atendeu e fiz a reclamação, ao que respondeu: “Meu amigo, tanta coisa importante pra você se dedicar e você vem me falar em toalhas e lençóis passados?” A minha reação foi de mandá-lo pro inferno quando ele bateu o fone da minha cara. –“O que foi?” - Beth perguntou surpresa com a minha cara de paspalho. Expliquei pra ela,aliás, foi a segunda mancada da noite, e Beth caiu numa estrondosa gargalhada. Talvez o sujeito estivesse até com a razão, afinal, mesmo sendo espelunca sempre havia um cheiro de água sanitária infestando lençóis, toalhas, fronhas, o que indicava que os germes não tinham a menor chance por ali.. Fora as noites de sábado sobravam-nos, os “amassos” que geralmente dávamos à porta da entrada do edifício dela, aliás, na parte interna do corredor. Lembro-me de uma ocasião muito especial em que estávamos numa noite não muito boa, e ela uma fera, pois havia cismado que eu estivera com alguém antes de encontrá-la.

- Fala! Qual é nome da dela, vamos.?

- Nome de quem? Eu retruquei

De nada adiantou e a ladainha recomeçou.

- Fale quem é ela? - Como não havia nada pra dizer ri irônico o que a deixou mais furiosa.

- Eu conheço esse perfume... é o Anais Anais – Ela sentenciou

- Mas que de perfume ta falando? – Me surpreendi

E aquela conversa toda começava a me aborrecer afinal o cheiro impregnado na minha camisa era proveniente do seu próprio perfume, pois aquela camisa saíra do varal diretamente para mesa e o ferro de passar.. Aos poucos ela foi se acalmando apesar de ainda me evitar. Estávamos lá, parados na porta de um prédio no Bom Retiro, um bairro tipicamente judeu, e isso significava ter mais tempo e a liberdade para ficarmos ali até pouco antes da meia noite, pois os judeus normalmente se recolherem cedo.
Enfim, a pouca prosa e o ressentimento não evitavam que ela estivesse especialmente bela dentro duma mini saia de jeans e uma blusinha de um colorido, um ar quase juvenil apesar de não sê-la.

- Então amor, esse cheiro na minha camisa é do seu perfume – Insisti pela terceira ou quarta vez.

Ela, já aborrecida o suficiente meneou sutilmente a cabeça em concordância, dando por encerrada a questão. O que é legal em momentos de paz é que logo após a desavença percebemos que é à hora de recuperar o tempo perdido e então os beijos se tornam mágicos e as mãos passeiam livremente e os toques íntimos nos deixam malucos

-Ai Ed, eu te amo! Prometa-me que vai ser sempre meu, prometa?

-Sim, pra sempre! – Arrisquei.

Bom, eu não sabia se eu seria sempre dela ou se ela seria sempre minha, mas o momento requeria a contundência dum "sim, sempre!". Porém certas frases têm o poder de remover montanhas, mudar dogmas, dúvidas em certezas, e foi o que eu fiz e foi o suficiente pra retomarmos os beijos e ao passeio das mãos.
A sua rua era tranquila e a partir das nove e meia da noite os carros começavam a rarear e um pouco depois das 10 e meia uma névoa, densa, que provida na estação do ano fazia-nos imaginar que estivéssemos numa Rua de Londres, num encontro misterioso e romântico. E eu ficava a imaginar o poder das estações e das situações climáticas e no quanto de poder elas tem de interferirem em nossas sensibilidades, pois não me recordo de uma única noite de chuva que me deixou longe da melancolia, contrário das noites de calor intenso onde as ruas ganham pessoas e os bares os seus clientes. Contudo aquela cerração nos deixava sensíveis, carinhosos e nós brincávamos ao ver o veículo vindo ao longe, em meio á neblina, e fazíamos apostas de qual a marca do carro, seu modelo, cor, enfim, somente há coisa de poucos metros é que podíamos saber o palpite vencedor, e então sorríamos e voltávamos a nos acariciar.  Geralmente o perdedor pagava a dívida em beijos, calientes, assim não era difícil deduzir porque ficávamos grudados um à boca do outro na maior parte do tempo.

E nós ficávamos ali, na porta de entrada, de ferro e até a altura de um metro e vinte. Depois, completando a sua altura um vidro liso e transparente. Depois dela, uns três passos, outra porta, idêntica, só que munida com uma fechadura reforçada, trava elétrica que funcionava perfeitamente ao encaixo da porta no batente.  Contudo eram ótimos aqueles vidros, pois possibilitavam total visão de quem saísse do elevador, pessoas essas que só tinham a visão de nossas cabeças, portanto, mesmo que estivéssemos em carícias mais quentes havia o tempo para nos recompormos.
Lembro que naquela noite estávamos por volta das 11 da noite e a gente continuava se bolinando e eu, com a mão por debaixo da sua saia apalpava suas coxas carnudas, excitação que me fazia subir os dedos e brincar no paninho da sua diminuta caldinha.
Ela, por sua vez descia o zíper duma surrada calça Levis que vestia e tirava o meu pênis pra fora e o acariciava. Obvio, quando a libido aflorava animalesca, descíamos nossos corpos, um de cada vez e brincávamos com os nossos sexos com a boca. Eu não sei bem o que as pessoas pensam sobre fato, mas quando subia o seu rosto e me olhava nos olhos eu adorava beijar a sua boca e sentir o gosto da língua que tinha acabado de me chupar. Isso sempre me pareceu e parecerá excessivamente sensual.

Enfim, o fato é que stando ali entre as duas portas, e com ambas estando fechadas, eu levantava a sua saia na altura dos quadris e penetrava meus dedos na calcinha e sentía o odor do seu sexo, misto dum cheiro adocicado e ácido,  depois, mais excitado, deixava minha mão percorrer outras partes do seu corpo. Eu gostava daqueles "ais e uis", porém a noite merecia terminar melhor que naqueles gemidos, então ajeitávamos nossas roupas e íamos para um local com raríssimas visitas naquele horário; O elevador. Lembro que aquela foi a primeira vez.

-Ai Ed, eu to muito a fim, mas será que não vai aparecer alguém? – Geralmente ela perguntava.

Curioso, a partir daquele momento essa passaria a ser a sua pergunta era padrão, e a minha resposta seria também.
Eu pedia pra não se preocupar, pois já estavam todos dormindo, e blábláblá.
E, outra; geralmente a razão se vê se subjugada ao desejo. Seus olhos ferviam desejo, então não nos questionou apesar de sabermos que sempre haveria a possibilidade de surgir alguém inesperadamente. Claro, e se isso ocorresse pegaria muito mal pra Beth, principalmente por residir no edifício, apesar de termos a sorte dela não ser e nem ter parentes judeus.  Contudo sabemos que o desejo é mais corajoso que o desafio e quer queiram ou não sempre gostamos das situações perigosas que afetem o nosso nível de adrenalina. Portanto estavam ali dois heróis que foram para o elevador e apertaram o botão 7 daquele prédio de sete andares, andar que ela morava, aliás, apesar de haver três apartamentos em cada andar, no seu só ela residia juntamente com a mãe, uma senhora viúva e de natureza e atitudes tradicionais.  A estratégia de paramos no 7o. andar foi pelo fato que, além da sua mãe estar dormindo num horário daquele, se chegasse alguém e acionasse o velho e lento elevador, haveria o tempo suficiente para nos recompor até chegarmos o térreo e simularmos estarmos de saída, e ela me acompanhando até a porta.

Claro, tudo esquematizado não demorou e começamos a nos beijar e bolinar enquanto eu, enlouquecido, forçava a descida da calcinha enquanto ela destrava o botão metálico da minha Levis. E assim estávamos naquela loucura e ela voltava a se sustentar nos joelhos e recomeçava a me lamber. Por meu lado, eu a ajudava se desvencilhar da calcinha lhe que insistia em dificultar as coisas. Com alguma dificuldade Beth se livrou dela e com a mini saia quase que enrolada nos quadris me permitiu ver como era apetitosa aquela garota. Era delicioso ver belas as pernas, o seu bumbum carnudo e empinado.  E ela judiava de mim ao se ajoelhar e desapertar meu cinto e ver a calça descer até aos tornozelos. Aí ela me sugava e com tanto gosto que sentia meu membro ardendo como estivesse no inferno, enquanto a boca fazia todo o serviço. E assim íamos naquela loucura até sentir que o orgasmo se aproximava, e evitando-o eu me desvencilhava de sua boca e ajoelhava-me em sua frente a brincava com sua fruta, lambuzava-me e ouvia os seus gemidos, quase sussurros.  E mesmo naquela insanidade toda procurávamos ser discretos, pois não queríamos que judeus soubessem de nossas sacanagens naquele elevador. Foi a hora que ela me fez subir o corpo, deu-me as costas, espalmou as mãos numa das paredes do elevador, separou as pernas, empinou o bumbum, e gemeu numa súplica:

- Vem Ed! Agora vem e me come!

Eu estava alucinado. Como era excitante olhar o seu bumbum, aquela pele lisa como porcelana sem defeitos. Eu gemi baixo, mordia os lábios quando entrei por trás e a senti quente e úmida. Que fascínio exercia aquela garota em mim e no meu tesão à flor da pele, embevecido ao ouvir e sentir a deliciosa feminilidade dos seus gemidos e movimentos compassados. E assim fomos copulando e sussurrávamos baixinho e era uma visão e tanto vê-la se contorcer ajudando a penetrá-la, até o momento de não mais suportar ao sentir o calor que toma o corpo antes do gozo. Foi o meu momento, foi o eu momento, e atingimos o orgasmo num mesmo tempo, juntos, essências ofertadas, doadas, num ato de libido e amor.

Eu ouvia os pequenos gemidos da fêmea satisfeita.
Tudo terminado e com a respiração ainda ofegante nos arrumamos e usamos o meu lenço para precariamente nos limparmos. Com a respiração sob controle descemos para o térreo e nos beijávamos. Beth exalava alegria, eu podia sentir um cheiro de felicidade quando á porta e após um beijo suave ela me falou:

- Ed, não foi apenas uma trepada. Foi mais, foi amor! Vá com cuidado - Recomendou

- Fica na boa, Beth, sei disso! – Respondi ao piscar o olho. Naquele momento acreditei piamente naquilo

E após um último e rápido beijo eu segui pela rua deserta e aspirei o ar frio até arder o peito. E andando olhava paras as luzes nos postes e a parca luminosidade delas sob cerração e imaginava um espetáculo de mágica e que a qualquer momento surgiria no meio do nevoeiro um grande mágico e sua cartola. E ele, metido num garboso smoking negro tiraria da sua cartola a maior das suas mágicas. Então ao chacoalhar um lenço de seda que deixaria de ser seda ao transformar-se numa pequena faixa de pano e onde eu leria: - Cara, felicidade é aquela que você se permite ter – Fiquei pensando naquilo enquanto andava pelo meio do nevoeiro e ri do absurdo, e segui passo a passo, corpo envolto na neblina, e me senti vivo, outra vez, como nunca e numa sensação de que as coisas começavam a fazer algum sentido. AMOR? Não, não sabia se era esse exatamente o sentimento que tinha por aquela garota loirinha de coxas grossas e bumbum arrebitado, mas sabia que estava sendo bom e me fazia bem.
Olhei pro relógio e ele marcava onze e cinqüenta, da noite, e eu apressei o passo, porque nos próximos 10 minutos estariam encerradas as operações do metrô de São Paulo.
Voltei os olhos para trás e a rua permanecia totalmente deserta. Naquele mesmo instante, Beth deveria estar entrando em seu apartamento de quarto/sala/cozinha e banheiro, e um pequeno terraço onde era possível observar os apartamentos do prédio da frente. Sei que ela escovaria os dentes, colocaria um pijama flanelado e rezaria pela mãe e por mim. Eu sorri e apertei o passo. Seria muito complicado perder o último trem na Estação Tiradentes do Metrô. 



Copirraiti11Jan2013
Véio China©

Um comentário:

Klotz disse...

Maravilha!
Foi com se eu estivesse na frente do monitor vendo as imagens da câmara de dentro do elevador.