segunda-feira, 17 de setembro de 2007

O elevador


- Mas que merda! porra! - Todos se assustaram.

Talvez houvesse uma duzia de pessoas na cabine do elevador, quem sabe mais, ele não precisava ao certo.
Foda-se! - pensou - surpreso com os olhares dos demais.
"Oh, que sujeito horrível!" - disse uma garota gordinha, talvez uns 23 anos, do qual não se via-lhe a bunda, apenas a silhueta ampla, larga, nuns peitos rechonchudos, tamanho 52.
Um cara, executivo ou parecendo um o olhou-o com desdém. Ao ser retribuido, o suspeito empresário sentiu-se desconsertado. Evidente que encarar um sujeito daqueles, que do nada solta um "Mas que Merda! porra!" não era tarefa das mais fáceis.- é bom tomar cuidado com esse tipo de sujeito -deve ter imaginado ao se desvencilhar do olhar. Do lado esquerdo, de relance percebeu uma loirinha. Ela parecia atraente a bordo daquele sorriso discreto porém, sensual.
Talvez não fosse gostosa já que não lhe via as formas, encobertas que eram por um sujeito barrigudo e de terno desalinhado. Naturalmente, o amavável sorriso, aliado ao fato de não tê-lo censurado nem mesmo com um olhar fizeram-no imaginá-la interessante.
Todos ali, com exceção de uns quatro ou cinco davam mostras de sentirem-se incomodados com sua presença. Olhou para o pulso esquerdo e no relógio o ponteiro dos segundos girava insano, numa louca corrida, sem cabimento e sem motivos, como quisesse alcançar algo que estivesse muito a sua frente, porém, sem nunca conseguí-lo. E a viagem transcorria e a medida que os andares iam sendo vencidos o elevador não mais parou e nem acolheu qualquer passageiro, descendo rumo ao pavimento inferior. E ali, naquele universo de quatro metros quadradados ele se sentiu solto num mundo sem perspectiva e sem se dar conta haviam chegado ao destino. Nem notou a porta metálica abrir-se a sua frente.

-Térreo! - Exclamou a ascensorista.

E aquele pequeno mundo de gente se locomoveu, uns mais apressados que os outros. E todos, de alguma forma, partiam para os afazeres de suas vidas repletas das mesmices de sempre. A loirinha fora a penúltima. Era a sua oportunidade. E ela saiu, linda, mágica e ele percebeu toda classe que desprendia daquela garota. Reparou no estilo do caminhar e o voluptoso rebolar de nádegas encoberto pelo delicado linho de um refinado tallieur. - gostosa - concluiu.
Talvez lhe faltasse melhor senso e critérios na definição do era ser "gostosa". Geralmente se fixava na rigidez e curvatura das nádegas como se esses fossem os únicos critérios possíveis e aceitáveis. Repentinamente imaginou se ele não estaria acometido por alguma espécie de um desvio comportamental, e então sorriu com desdém. Afinal, sempre ouvira dizer que essa obsessão, esse fanatismo por um belo rabo significava que pudesse estar enrustido dentro de si o desejo de dar a bunda. E os defensores dessa tese insistiam que já que isso nada mais representava do que as vontades de pessoas, reprimidas e envergonhadas de se assumirem na homosexuaalidade. Bah! quanta baboseira! -repudiou- Afinal, se a teoria fosse válida, seríamos obrigados a admitir que éramos um país de viados. E, além do mais, ser defensor de uma teses dessa natureza era claramente assumir-se na viadice. -concluiu-

-Senhor! Térreo! Chegamos!

Acordou do pensamento surpreendido pela macia voz da ascensorista. Ali, parado, fixou-se atentamente naquela jovem. -Linda- definiu. Linda, mas no lugar errado.- ruminou ainda. Concentrou-se mais e atentou para os detalhes daquela figura tão feminina e tudo nela lhe pareceu tão extraordinariamente mágico e sensacional. As formas, a rigidez das ancas , os seios fartos, redondos, as pernas explendidamente torneadas, a doçura da voz e, finalmente aqueles olhos negros que o devoravam.

-Senhor! Térreo! - insistia ao olha-lo fixamente e sem compreender-lhe a resistência.

Nem ele entendia o motivo de estar parado ali com o olhar fixo nela como se fosse a presa ds mais faminto dos leões. Só ali, estático, vislumbrando, admirando. sentindo o suave perfume e a irrestível atração que ela exercia. E continuava ali, parado como se atingido no queixo por um demolidor cruzados de esquerda, nocauteado no primeiro de uma luta de dez assaltos. E ela, sem qualquer resposta dele, como se estivesse hipnotizada,olhava-o de forma sedutora e os seus negros olhos faíscavam e então, num simples toque de botão fez a porta se fechar. Repentinamente os olhares tornaram-se cúmplices e ardentes. Ouviu-se o "plim" de uma campainha que certificava que o elevador estava novamente em movimento. Eles estavam excitados, inexoravelmente atraídos. Ele percebeu todo o momento e então agiu. Suas mãos de homem adentraram por sob a saia da funcionária, e os seus dedos ágeis subiram até o seu sexo e suavemente roçou sutilmente os dedos por sobre o tecido da calcinha. Um longo e sensual suspiro de mulher preencheu a atmosfera. Ele foi mais fundo e seus dedos penetraram-na e sentiu o quanto ela era quente e molhada. O elevador subia sem qualquer escala a caminho do 43o andar.

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