domingo, 3 de outubro de 2010

O lamento machista de um corno aquarentado.

Elisa me levou tudo; A paz de um dia, o carro, grana, apartamento e até o meu inseparável companheiro de futebol domingueiro: Peter, nosso filho de 13 anos. Aliás, pode parecer insano mas, há muito tempo estávamos lesando um ao outro e sem que esse rouba-pátria doméstico nos levasse a qualquer lugar, exceto ao fato de estarmos sempre pretendendo nos prevalecer. E agora, depois de tudo acabado,  eu me sinto completamente estranho pilotando os questionamentos mais insólitos, do tipo: Porra! Nessa situação, eu não poderia ser ela e não eu?
Talvez eu me questione por me julgar o maior responsável de tudo; Eu e minha  maldita mania de economizar. Tudo o que me bastava era um bom flagrante da traição dela com aquele garoto quase 20 anos mais jovem do que eu.

Claro! Afeito ao preço do menor valor confesso que o trato foi bom, mas, o detetive uma lástima! Trocadas as bolas fui eu o surpreendido ao ser fotografado, filmado, como bem mostrava uma cópia numa mídia de DVD deixada caprichosamente no meu lugar à mesa do café.

-Nossa!  Vocês se beijam com volúpia! E que mãos bobas vocês tem, heim? – Foi o que Elisa me disse naquela manhã e antes de entregar uma das cópias ao seu advogado.

Me lembro que a minha reação foi exatamente nada. Não houve nem mais olhares ou qualquer palavra, muito menos a vontade de socar goela abaixo o café preto com torradas e geléia de morango, o meu desejum favorito. Da mulher que estava comigo ao vídeo eu só tinha a tecer elogios. Provavelmente ela fosse a única pessoa que realmente se importava comigo. Norma é seu nome. Mulher carinhosa, compreensível,  de beleza quarentona e um olhar manso, em que pese seus problemas com o bronquite.  Porém Norminha é  dona de pernas espetaculares, mesmo que percebido um visível aglomerado de celulites, principalmente na sua região do glúteo. Em todo o caso ela não merecia isso e nem a esperteza do detetive da minha mulher que nos expôs aogrande  mico ao sermos  flagrados numa filmagem além do sensual num dia de tempestade e de  praia deserta em Boiçucanga. Porém deste fato levarei para sempre a lição que economia porca resulta na contratação de péssimos profissionais e resultados piores ainda, tanto que me vejo nessa situação.

E como desgraça pouca não vem sozinha, só no mês que vem é que saberei ao certo que remédio me fara bem pra tosse: Vem aí o aluguel do novo apartamento e a primeira das trinta e seis prestações dum carro usado e de pneus desgastados. Isso sem contar as miudezas necessárias,   fronhas, travesseiros, cobertores, panelas, pratos, copos, passando pelos eletrodomésticos como; geladeira, fogão, televisão, microndas, máquina de lavar roupas, além dos cestos de lixo e outra infinidade de quinquilharias.

E isso me faz repensar a vida. Sinceramente? Se eu pudesse retornar  manteria-me  longe do rabo fenomenal de Elisa. Antes eu tivesse me apaixonado perdidamente por uma desvairada naturalista de coxas finas e bumbum desestimulante.
Mas não,.comigo não! Sempre carnal e carnívoro. Tudo se resumia em carne; a carne nos dois dedos dos filés ao ponto, a carne tenra e libidinosa sob o vestido rubro de uma mulher.
Portanto, Elisa e seu bumbum ainda em ótimo estado de conservação amainarão por um bom tempo a voracidade sexual do garoto, até que a inexorabilidade do tempo, das estrias, das varizes e principalmente das gorduras localizadas façam voz duma comunicação dissimulada: Querida, sinto, mas você já era!

Concluindo, acho que esteja aí o mal da humanidade como um todo. O mal de supormos que sempre estaremos bem e que nuvens negras que precedem  tempestades só desabem no quintal dos vizinhos.
E isso se constitui um espetacular auto-engodo; o de supormo-nos em vantagem em detrimento de tudo.

Para mim há uma única máxima assertiva: O tempo é o senhor da razão, portanto tudo se faz questão de tempo.
E assim como eu, Elisa e Norminha, esse garotão em breve também estará sendo fodido de alguma forma. Contudo não será pelas mãos da minha ex,  já que lhe é evidente a vaidade e o entusiasmado com sua jovial conquista, mesmo  ciente do ridículo em que se encontra ao  estar sustentando com parte do meu dinheiro o seu musculoso frangote de academia.
Enfim, não que eu queira ou pense em algum tipo de revanchismo,  porém,  é mais que certo que num curto prazo de tempo o jovial saradão estará comendo na mão de alguma patricinha  10 anos mais jovem que ele e o tamanho da sua esperteza.

Claro, talvez eu nem esteja vivo pra testemunhar a sina , mas,  se estivesse......eu apostaria 10 por 1 na cabeça,  só pra ver!

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